Pele, nosso maior órgão dos sentidos, o contato mais íntimo que temos com o mundo empírico, o mundo dos corpos físicos, vibrantes, temporais, perecíveis. Alma, signo da transcendência, metáfora do mundo ideal, cognoscível, pleno, eterno. Para muitos, duas dissociadas dimensões da natureza humana. Uma sente sem fazer ideia, é paixão sem amor, vibração sem sentido, sensibilidade sem juízo. Outra, faz ideia sem sentir, ama sem ter contato, sente sem vibrar, ajuíza insensivelmente. Compor a essência humana com duas dimensões ao mesmo tempo tão dicotômicas e tão necessárias entre si sempre foi um grande desafio filosófico. A pele da alma, para mim, representa esta unificação entre corpo e alma, finitude e eternidade, sensibilidade e razão, particularidade e universo. E significa o todo sensível, sensível no tato da pele, na intimidade do toque, na vibração do corpo, na abertura para o outro; e sensível no sentido que atribui na capacidade de transcender, na conexão com outros mundos possíveis, na abertura para o mistério, para o intangível, o imaterial. É a unidade do amor ao próximo, do conhecimento sensível, da paixão idílica, da vida com sentido. Unidade sem a qual, sobretudo, não haveria a verdadeira música... Pele da Alma, eis a primeira das minhas epifanias.